Ditado para Aulas
Ditado para Aulas
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Orador: FEU ROSA
Data: 23/11/06
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CD
Senhor Presidente, pedi ao Ministério Público Federal que promovesse
uma profunda investigação na aplicação de todos os recursos que por meu
intermédio foram destinados ao Espírito Santo. Pedi ao Tribunal de Contas da
União
| uma
completa auditoria em todos os convênios e execuções em que foram aplicados os
recursos que consegui liberar ao longo dos onze anos de mandato. Todos foram
precisos ao informar que nada haviam encontrado de errado
|| nas aplicações
realizadas. Mesmo assim, os articuladores das maldades mantiveram-se firmes, e
conseguiram incluir meu nome na relação dos citados na CPMI dos Sanguessugas. As
investigações aprofundaram-se de maneira absoluta
||| , sob o
escrutínio de dezenas de pares de todos os partidos. Nada desabonador foi
encontrado a meu respeito. Inclusive recebi do meu colega Fernando Gabeira um
depoimento dos mais sinceros, que atestava a minha inocência sobre
qualquer denúncia existente na CPMI. Mas, para a minha surpresa, a
menos de quinze dias das eleições meu nome foi enviado pela Procuradoria Geral
da República para o Supremo Tribunal Federal, para que se promovessem
| investigações.
Os responsáveis pela CPMI enviaram à PGR todo material que lhes chegou, oriundo
dos depoimentos dos donos da PLANAM, e a PGR certamente despachou para o Supremo
esse mesmo material examinado pela
|| Comissão, que
me isentou totalmente de qualquer envolvimento. Ora, não é desonra para ninguém
ser investigado. Eu mesmo cobrei investigações. E tendo em vista que eu não
logrei êxito em meu projeto de reeleição, será que
||| meus
adversários políticos não foram saciados em seus objetivos? Temos de nos curvar
à máxima de Rui Barbosa de que o conflito dos antagonismos descobertos é a
melhor garantia de nossa moralidade. Num ambiente democrático e
republicano, nada mais salutar e normal que uma investigação,
principalmente para um homem público. É um fato normal, mesmo em véspera de
eleições. Mas o foro de escândalo proporcionado pela CPMI
| amplificou a ira
e o ânimo vituperioso dos meus adversários políticos, que se tornaram mais
ousados e radicais em seu comportamento pouco cristão. Evidentemente o prejuízo
eleitoral que levei foi muito forte, e isso deve tê
|| -los satisfeito
plenamente. Passado o pleito eleitoral, volto a lembrar Calderón de la Barca:
“ao homem é permitido tudo, menos o ultraje de sua honra”. Agora, em seus
depoimentos, constatamos que a servidora pública Maria da Penha Lino
||| muda a sua
fala, desdizendo tudo que afirmara à Polícia Federal, ao Ministério Público e à
CPMI. Agora vemos os donos da PLANAM tirarem de sua lista particular o nome de
vários
colegas que antes das eleições estavam sendo apontados como corruptos
- mas o mal já foi feito. Essa situação leva-nos a perguntar: por que faltaram
com a razão? Por que faltaram com a verdade? Por
| que acusar
tantos inocentes? E, pior: de quem cobrar tudo isso? Diz-se, quanto aos
componentes da famigerada lista das sanguessugas, que a CPMI não terá tempo de
apurar e analisar todas as
|| defesas. Tudo
será novamente enviado ao Ministério Público. E volto a indagar: quem pagará o
sofrimento de todos os que já foram inocentados? Quem os compensará pelo mal que
lhes foi causado? E quanto àqueles
||| que ainda
penam no mar da dúvida e das ameaças? Quem pagará pelo meu sofrimento, pela
angústia da minha família, pelo constrangimento por que passaram meus amigos, o
povo capixaba, o povo brasileiro, a quem
devo todo o respeito? O que houve foi uma verdadeira onda do mal, que
se ergueu contra a nossa democracia, fazendo com que os direitos de muitos
representantes de milhões de cidadãos e cidadãs não tenham
| sido e continuem
não sendo respeitados. Foi e continua estampada a vulnerabilidade do Congresso
Nacional, e, conseqüentemente, também a fragilidade da nossa democracia. Aqui
nesta Casa encontra-se uma mostra fiel de nossa sociedade, do que somos
|| como cultura e
povo. Conto com esta nova geração de Parlamentares que está para chegar para
nortear as visões de um caminho neutralizador com um conjunto de medidas,
provavelmente delineadas numa verdadeira reforma política
||| . Lembro que é
verdadeira e categoricamente imperativa a volta da coincidência de mandatos,
assim como a extinção dessa absoluta irracionalidade de se fazerem eleições
nacionais de dois em dois anos. Escrevi até um livro sobre essa